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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Não saia do armário por pressão, saia por opção!

Não gosto muito o termo “fora do armário”, mas estou nesta condição desde o começo da minha adolescência. Com apenas 14 anos chamei minha mãe para uma conversa e abri o jogo sobre minha orientação sexual. A casa caiu! Meu pai ficou sabendo no mesmo dia e então o circo estava armado.

[caption id="" align="alignleft" width="120" caption="Erik Galdino"]Erik Galdino[/caption]

Algum tempo depois a situação caiu no esquecimento, na verdade um refúgio que eles encontraram para não se corroerem com a questão que os desagradava, mas me pressionaram a algumas incursões religiosas e psicológicas. Seis meses depois tudo estava como antes.

Aos 17 anos o assunto voltou a tona de uma forma muito chata, meus pais leram algumas conversas que mantinha com um amigo através do quase finado ICQ, mas foi um momento importante, no qual decidi não mais deixar cair no esquecimento que eu gosto de homens.

De lá para cá muita coisa aconteceu. Trabalhei em projetos sociais para conscientização da homossexualidade sob a ótica da realidade e não de uma construção errada que muitos pais e familiares fazem sobre a questão como, por exemplo, achar que todo gay tem vontade de ser mulher e está em fase de transição para ser travesti.

Na ocasião em que estava envolvido com projetos sociais tinha uma opinião muito radical, que todo homossexual deveria rasgar o verbo e gritar aos quatro cantos sua orientação sexual. Incentivava meus amigos próximos a assumir para suas famílias, nos seus ambientes acadêmicos e profissionais.

Hoje entendo exatamente o motivo desse meu posicionamento: eu vivia – e ainda vivo – uma condição que me permite tudo isso. Estudava em colégio bacana, onde ser gay não era problema, estava imerso no mundo gay, quase todos os meus amigos eram homossexuais e vivia em um bairro que dificilmente seria submetido a ações preconceituosas e além disso tudo estava com a minha sexualidade muito bem definida.

Porém nem todo mundo é assim. Sabemos que muitos homossexuais são agredidos verbalmente e fisicamente todos os dias, empresas ainda demitem com base na orientação sexual de seus empregados e a maioria da população brasileira vive em zonas periféricas onde não a violência impera.

E como sempre digo “que bom que o ser humano evolui”. Fico feliz em ter mudado de opinião sobre isso. Não acho de bom tom o posicionamento de militantes que criticam pessoas que estão na mídia e é sabida sua homossexualidade ou bissexualidade de não se assumirem.

Mesmo que públicas, a orientação sexual é uma questão de foro íntimo, assumir ou não é uma decisão pessoal e deve ser respeitada. Se no passado queria ver todo mundo se assumindo, hoje quero as pessoas bem consigo mesmas, bem com sua orientação sexual e sair ou não do armário é uma decisão que deve ser tomada com cautela e avaliado todas as conseqüências que isso pode trazer para sua vida.

Erik Galdino, 28/06/2007, São Paulo

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